Hoje foi apresentado na academia de futebol da SEP o técnico Muricy Ramalho, demonstrando muita vontade, já começou a conquistar a exigente torcida palmeirense, filho de pai palmeirense, ex-jogador de futsal do clube, pareceu se sentir em casa, destaco a visível mágoa dele com a diretoria do SPFC.
Humildade, palavra que faltou no Palestra Itália no seu comando técnico nos últimos 18 meses, talvez por isso resultados melhores escaparam.
Abaixo, os principais trechos da entrevista coletiva do técnico Muricy Ramalho:
Acerto com o Palmeiras
É um prazer estar novamente com vocês, depois de um mês. Acho que a maioria entendeu que eu tinha de ficar um pouco afastado. Sei que a imprensa gosta de notícia, mas eu precisava ficar um pouco afastado. Estava sem time e não é legal ficar se mostrando toda hora para não pressionar ninguém e não acharem que estava atrás de emprego. Isso não é legal. O que mais pegou no meu caso foi que eu precisava de um pouco mais de tempo pra descansar e reunir forças, porque a pegada é muito forte. Justamente por isso não houve o acordo antes. Mas, não houve mudança na parte financeira que, por sinal, se falou muita bobagem. Se eu ganhasse tudo aquilo que foi falado eu poderia até me afastar do futebol. A conversa com a diretoria do Palmeiras foi num nível elevado. Quando estava preparado, retomamos o contato e acertamos. O que me fez escolher o Palmeiras foi o contato que tivemos com as pessoas. Para mim, o ser humano é muito importante, além da história, da torcida e da camisa. E uma coisa importante que o técnico deve ter: se você não conquista, não permanece num time de ponta e aqui estou tendo a oportunidade de conquistar novamente. Isso foi o que mais me chamou a atenção.
Título
Acho que o Palmeiras, pela história, pela camisa, pela torcida que tem e por sua estrutura, sempre entra numa competição para ganhar e está mostrando isso, não só com minha chegada. Temos condições de brigar pelo título, com certeza. As pessoas que estão dirigindo o Palmeiras me chamaram atenção. Como fui sondado, acompanhei o time nos jogos. A transição com outro técnico foi perfeita. Os jogadores foram muito descentes, correram muito, as declarações são de atletas profissionais. Não adianta ganhar um alto salário e não se sentir feliz, saber que o ambiente é ruim. Aqui, isso é bem diferente.
Infância palmeirense
Joguei futebol de salão no Palmeiras. Na minha época, era um dos melhores times do país, com o melhor jogador do pais, que era o Serginho. Tive a felicidade de defender o clube. Meu pai era palmeirense, porque o Valdemar Carabina freqüentava minha casa e o Djalma dias, Tupãzinho, vários jogadores também estavam próximos. Assim, você começa a gostar, porque os caras eram ídolos e o ambiente na minha casa era muito bom. Meu pai me levava aos jogos. Hoje estou aqui e muito feliz.
Esquema tático do time
Em relação ao esquema, não tenho preferência por nada. Armo o time de acordo com as características dos jogadores e acho que quando o técnico chega não precisa mudar algumas coisas só para provar algo. O time do Palmeiras está se dedicando, está bem preparado. Então, não vou mudar, mas sim dar sequência ao trabalho. O campeonato é longo e se não mantermos os jogadores focados é muito complicado. Cada jogo é uma decisão e a cobrança tem de ser em cima disso.
São Paulo
Sou um profissional do futebol. Todos me conhecem. Em todo o lugar que vou fico algum tempo e as pessoas gostam do meu trabalho, da maneira que sou. As pessoas acham que a gente, por sair de um time, não vai trabalhar noutro. Mas, a vida continua. Não aceitei antes porque acho que temos de mudar essa relação. As pessoas falaram que eu poderia ir para um lugar ou outro, mas time com treinador eu nem chegava perto para conversar. Minha vida é assim, não sou apavorado para trabalhar. Acertei na hora certa, pois me sinto pronto para trabalhar novamente. Já vi muita gente ficar doente com isso, e não quero isso para mim. Estou preparado.
Traidor
Por onde passo, me dedico demais. Em momentos ruins recebo propostas e não saio. A palavra “traidor” não existe, pois fui mandado embora. Repito: fui mandado embora. A torcida reconheceu meu trabalho e aqui no Palmeiras vai ser igual. Vou conquistar o torcedor com muito trabalho.
Pressão
É uma coisa natural, que temos de entender. No futebol só existe uma coisa para deixar as pessoas contentes: ganhar. O que os torcedores do Palmeiras querem é ver o time vencer. E é legal essa cobrança, senão você fica muito acomodado. O cara tem de trabalhar e dar a resposta. Trabalhei na China, também. Não entendia o que eles falavam, mas sabia que estavam me pressionando, pelos gestos e pela cara feia (risos). Então, em todo o lugar do mundo tem pressão. A única saída é se dedicar diariamente para conseguir a palavra mágica: vitória. Torcedor já não agüenta mais discurso depois dos jogos. Eu ganhando, com certeza a torcida vai me apoiar, pois agora o Palmeiras está na minha vida e, quando visto uma camisa é duro e é difícil eu sair. Me preparei para isso e tenho certeza que vou durar bastante tempo aqui.
Por que não estrear contra o Corinthians?
Tenho contrato longo, até o final de 2010, então, não podemos ter pressa, até porque o time está muito bem. No que eu puder ajudar, vou ajudar. Mas, tenho de conhecer o lugar, as pessoas. Vou viajar com o time. Chega um momento que tem de ter calma. Tenho um contrato longo e teremos muito tempo para trabalhar.
Brasileirão
No sofá, não perco nenhum jogo. Me coloquei no lugar de muita gente que não joga futebol. Em um mês, estou invicto (risos). Isso é bom a gente sentir, pois o cara não tem pressão, tem uma cervejinha gelada ao lado. Sobre o campeonato, cada ano que passa o s times estão aprendendo mais a jogar a competição. Existe um planejamento com relação a contratações de jogadores. São analisadas as possibilidades de quais jogadores se pode perder e quais se pode trazer. O cara que erra menos na contratação se dá bem. Antes, alguns times acordavam depois de 10 rodadas, mas aí não dava mais tempo. Não basta ter um time, mas sim um bom plantel num campeonato longo, por causa de problemas de contrato, janela, contusões, suspensões. Todos querem ganhar o título, mas os que forem mais inteligentes e trabalharem fortes terão uma chance bem maior.
Diego Souza
O Diego merece uma chance na seleção brasileira. Quando ele estava no Grêmio o indiquei, pois é um jogador importantíssimo e agora tenho a felicidade de tê-lo ao meu lado. Ele vive num grande momento mesmo e agora é questão do Dunga observá-lo e ele deve estar observando.
Cleiton Xavier
Participei um pouco do começo da carreira dele, o lançando no Internacional/RS justamente num Gre-Nal, no Olímpico. O Inter/RS estava 3 anos e meio sem ganhar. Lá um jogo é um campeonato do mundo. E minha estreia foi lá com um time de garotos: Sobis, Nilmar, Cleiton e tomamos um baile no primeiro tempo. No segundo tempo mudei alguns jogadores, colocando inclusive Daniel Carvalho e o próprio Cleiton Xavier e ganhamos o jogo de virada por 2 a 1. Agora, ele vive um grande momento. Trabalhou muito para chegar onde está.
Marcos
Para eu abraçar ou elogiar alguém é complicado, pois no futebol temos de falar nove “nãos” e um sim, pois as pessoas se acomodam. Mas, temos de falar publicamente sobre outras, como é o Marcos. Nunca tive chance de trabalhar com ele, mas vejo suas atitudes. É um cara trabalhador, que passou por dificuldades, nunca desistiu e gosta do lugar onde está. Ele faz bem para o futebol e o futebol precisa de gente assim, com caráter. Ele é um exemplo, um dos melhores e o terei ao meu lado. Deus faz a coisa certa e tenho sorte com relação a isso. Sempre me levam para um lugar bom.
Jorginho
O Jorginho foi meu jogador, meu número 10, o cara que pensava o jogo na Portuguesa Santista e está muito bem aqui no Palmeiras. Vou ajudá-lo no que for preciso. Isso vai ser muito importante para o clube. Não existe esse negócio de sombra. Sou um cara muito bem resolvido e sei que formaremos uma excelente equipe de trabalho.
Traffic
Trabalho pelo bem do Palmeiras e se tiver de indicar algum jogador, o farei para a diretoria, que tem um parceiro e é importante para o clube. Tudo que for para ajudar o Palmeiras é bem-vindo. Se a Traffic está ajudando, está do meu lado.
Categorias de base
O trabalho de base é fundamental para um clube de futebol, pois não se pode depender só de jogadores que não são do clube. Isso é a coisa mais importante e gosto de fazer esse intercâmbio com a base. Com certeza, toda a semana os meninos estarão aqui comigo. Assim, temos descoberto alguns valores. E o técnico tem que saber que isso dá certo. Os clubes brasileiros precisam revelar jogadores, senão, ficarão sempre com a porcentagem mínima na venda do jogador. Pela conversa que tive com a diretoria, eles estão muito focados nesse trabalho.
Pierre
É um jogador diferenciado. Os volantes modernos são como ele, que sabe marcar e também sair para o jogo. O Edmilson está jogando muito bem, também. Ele jogou comigo como volante e agora está se destacando. Hoje os volantes já não são apenas marcadores.
Reforços
Ainda vamos nos reunir para conversar com relação a isso. Quero ouvir o Jorginho, pois ele é o técnico e conhece o elenco. Quero ouvir a comissão técnica e os dirigentes. Vamos ver as necessidades com o trabalho que será realizado diariamente.
