segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Data histórica para os palmeirenses

Há 44 anos, Palmeiras representava a seleção brasileira no Mineirão

Uma data que o torcedor palmeirense jamais vai esquecer, mesmo aqueles que ainda não tinham nascido, é recordada nesta segunda-feira. Há 44 anos atrás, mais precisamente em 7 de setembro de 1965, o Palmeiras representou a Seleção Brasileira num amistoso contra a poderosa Celeste Olímpica do Uruguai, na inauguração do Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão. Pela primeira vez na história do futebol brasileiro, uma equipe de futebol foi convidada para compor toda a delegação do Brasil, do técnico ao massagista, do goleiro ao ponta-esquerda, incluindo os reservas, da então Academia do Palmeiras, treinada pelo saudoso Filpo Nuñes, único estrangeiro (era argentino de nascimento) a dirigir-mesmo que por uma única vez, o comando da seleção brasileira. A partida foi organizada, na época, pela antiga CBD. E, numa época áurea em que existia o Santos de Pelé e o Botafog de Garrincha, o Palmeiras foi escolhido por se tratar da melhor equipe do futebol brasileiro em atividade na ocasião. Já o Uruguai acabava de obter a classificação para o Mundial de 66 de forma invicta e apresentava craques como Manicera (que depois desfilou sua técnica no Flamengo), Cincunegui (que faria história no Atlético-MG), além de Varela, Douksas, Esparrago... Mas não teve jeito. Numa partida em que entrou para a história do futebol mundial, o Palmeiras goleou por 3 a 0, gols de Rinaldo, Tupãzinho e Germano, e cravava definitivamente uma das páginas mais gloriosas de sua vasta trajetória de títulos e conquistas. "Foi algo mágico, imensurável na época e nos dias atuais. Foi o dia em que um clube de futebol representou toda uma nação. Não sei se vai existir uma homenagem desse tipo algum dia. É algo que até hoje sou lembrado. E que o Palmeiras vai carregar para o resto de sua vida", afirmou Valdir Joaquim de Moraes, atual consultor técnico do Verdão e goleiro naquela ocasião. O troféu, que estava em disputa na partida para o vencedor, ficou na sede da CBD (depois CBF) por exatos 23 anos. Em 1988, decidiu-se pelas partes que o Palmeiras deveria honrosamente ficar com a taça, hoje brilhantemente exposta na Sala de Troféus da Sociedade Esportiva Palmeiras. "Até hoje fico pensando naquele jogo. Foi uma homenagem feita pela CBD ao nosso grande time, a Academia do Palmeiras. Os mais jovens precisam sempre saber disso e ter orgulho desse jogo. O Palmeiras um dia foi Brasil, e isso ninguém mais vai apagar", destacou Ademir da Guia, camisa 10 na partida contra a Celeste.
Ficha Técnica BRASIL (PALMEIRAS) 3 x 0 URUGUAI Brasil [Palmeiras] Valdir de Moraes (Picasso); Djalma Santos, Djalma Dias e Ferrari; Dudu Zequinha) e Valdemar (Procópio); Julinho (Germano), Servílio, Tupãzinho (Ademar Pantera), Ademir da Guia e Rinaldo (Dario).
Uruguai Taibo (Fogni); Cincunegui (Brito), Manciera e Caetano; Nuñes (Lorda) e Varela; Franco, Silva (Vingile), Salva, Dorksas e Espárrago (Morales).
Árbitro: Eunápio de Queiroz Data: 07/09/65
Local: Estádio Magalhães Pinto, em Belo Horizonte (MG)
Público: aproximadamente 80.000 pagantes
Renda: Cr$ 49.163.125,00
Gols: Rinaldo, aos 27, e Tupãzinho, aos 35 minutos do primeiro tempo. Germano, aos 29 da etapa final.
Colaboração: Academia de História do Palestra-Palmeiras

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

DOSSIÊ CAMPEÕES - ridícula postura da CBF

Olá amigos,
Passarei a todos um longo texto de José Carlos Peres e de Odir Cunha, sobre a postura grosseira e obtusa da CBF frente ao Dossiê - Unificação dos Títulos Brasileiros a Partir de 1959.
Lembro que o Dossiê fala de 14 Campeonatos Brasileiros disputados, válidos e conquistados no campo pelas equipes campeãs, mas que por algum motivo sujo é "esquecido" por todos (especialmente CBF e imprensa). Foram 6 títulos do Santos, 4 do Palmeiras, 1 do Bahia, 1 do Botafogo, 1 do Cruzeiro e 1 do Fluminense.
Dossiê - parte 01
Uma explicação sobre o Dossiê. E o papel da CBF
Torcedores de todo o Brasil tem-nos inquirido sobre o Dossiê pela Unificação dos Títulos Brasileiros. Querem saber quando a Confederação Brasileira de Futebol ratificará os títulos – já confirmados como oficiais pela CBD – de seis grandes clubes do País: Palmeiras, Cruzeiro, Santos, Botafogo, Fluminense e Bahia. Clubes que congregam cerca de 60 milhões de brasileiros, ou um terço de todos os aficionados do futebol no Brasil.Já recebemos milhares de e-mails cobrando uma posição da Confederação Brasileira de Futebol a respeito de nosso trabalho. Tentamos responder um a um, o que não é sempre possível. De qualquer forma, a resposta para o não atendimento aos clubes só pode ser dada pela entidade que dirige o nosso futebol e, mais propriamente, pelo seu presidente, o senhor Ricardo Teixeira.Posso adiantar que, em um esforço admirável, depois de três meses de tentativas infrutíferas junto à CBF, o senhor José Carlos Peres, superintendente do Santos em São Paulo, conseguiu ajustar as agendas e confirmar para o dia 17 de agosto, na sede da CBF, Rio de Janeiro, as presenças dos seis presidentes dos clubes e também do senhor João Havelange, presidente de honra da Fifa e ex-presidente da CBD.
Dossiê - parte 2
Bastaria, então, que o senhor Ricardo Teixeira, que dá expediente na CBF, na cidade onde mora, reservasse meia hora de seu horário comercial para receber estes senhores e a imprensa que cobrirá o evento. O senhor Ricardo Teixeira, porém, mandou o seu chefe de gabinete, Ivan Souza, avisar ao senhor Peres que naquele dia não poderia receber os presidentes e o senhor João Havelange. Desde então tenta-se, em vão, descobrir uma data que permita a presença de todos esses senhores na mesma sala para tratar de um assunto que interessa a milhões de torcedores e significa o justo reconhecimento a profissionais que atuaram na era de ouro do futebol brasileiro. Não deixa de ser curioso constatar que uma audiência com o presidente da República é menos difícil de ser obtida do que uma com o senhor Ricardo Teixeira, que, ao que se sabe, não tem tantos afazeres como o mandatário máximo da nação. E seria impossível, pelo que conhecemos do presidente da República, que ele desse um chá de cadeira tão prolongado a líderes que representam, juntos, mais de 20% do eleitorado nacional.Para que serve a CBFEste episódio do Dossiê tem nos feito analisar o papel da CBF no futebol brasileiro. Se o presidente desta entidade pode protelar indefinidamente o encontro com representantes de seis das maiores instituições do nosso futebol – responsáveis por massas apaixonadas que somam mais de 50 milhões de pessoas – e chega a agir com desdém, como se essas instituições nada significassem, então fica evidente que a CBF não assume o papel de defender e representar o interesse dos clubes de futebol deste País, nem das pessoas ligadas a eles.Creio que não há qualquer dúvida de que só existe futebol no Brasil devido aos clubes. Ou não? É óbvio que não haveria imprensa esportiva, torcedores, dirigentes e muito menos Seleção Brasileira sem os clubes – pelo que representam no momento e, principalmente, pela história que construíram ao longo do tempo.
Dossiê - parte 3
É claro que hoje se pode montar a Seleção sem o apoio dos clubes deste País, mas não podemos nos esquecer de que mesmo os jogadores brasileiros que atuam no Exterior foram revelados aqui. Apesar dos conhecidos problemas administrativos, financeiros, e tantos mais, foram estes clubes que geraram a matéria-prima que sustenta a fama do futebol nacional, o prestígio da Seleção Brasileira e, conseqüentemente, a CBF. Ao se analisar o papel da CBF, hoje, no futebol brasileiro, chega-se à conclusão de que ela se tornou, exclusivamente, O ESCRITÓRIO DE NEGÓCIOS DA SELEÇÃO BRASILEIRA. Os clubes passaram a ser, para ela, um estorvo, um saco, uma aporrinhação.Sei que os homens práticos do esporte, os altos executivos, como é o papel que o senhor Ricardo Teixeira assumiu para si próprio, devem considerar a história do futebol algo que não dá dinheiro, não dá lucro, não enche os cofres. É uma bobagem dos fanáticos, deve pensar.Realmente, a ratificação dos títulos brasileiros de 1959 a 1970 não daria mesmo para comprar um jatinho por R$ 23 milhões, como acaba de fazer a CBF. É apenas história. Mexe com o respeito, a paixão, o caráter do torcedor, mas disso o senhor Ricardo Teixeira não deve entender muito. A história, contada como se deve, serve apenas para honrar as pessoas que fizeram a fama do futebol deste País – mesma fama que hoje serve para engordar os cofres da CBF e encher de luxo e confortos a vida de quem nunca deu um chute na bola –, sem que nenhuma migalha deste prestígio caia no prato dos craques ou dos times que o conquistaram. É importante conhecer e valorizar a história para saber, por exemplo, que as Seleções que conquistaram a Copa Jules Rimet – resultado dos títulos dos Mundiais de 1958, 62 e 70 – eram formadas exclusivamente por jogadores em atividade no País e sua base era montada em cima dos craques de Santos e Botafogo, dois dos clubes que pleiteiam a ratificação dos títulos nacionais da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa/Taça de Prata.
Dossiê - parte 4
O jornalista João Saldanha, responsável pela Seleção (as “Feras do Saldanha”) que depois jogaria a Copa do México, admitiu depois que havia montado, sim, aquele time espetacular, mas que, em compensação, havia falido Santos e Botafogo. De fato. Sem as suas muitas estrelas, sem sequer elenco disponível para fazer amistosos no Exterior, onde receberiam em dólares e assim poderiam manter seus craques, Santos e Botafogo entraram em rotunda decadência depois da Copa do México e tiveram de se desfazer de muitos de seus ídolos. Sacrificaram-se para dar títulos à Seleção Brasileira. E hoje, o que ganham com isso? Nem ao menos seus presidentes conseguem ser recebidos pelo presidente da CBF para analisar a possibilidade de ratificar os títulos brasileiros que estes clubes conquistaram quando eram não apenas os melhores do Brasil, mas os melhores do mundo. É visível que a atitude da CBF neste episódio deixa claro que o futebol brasileiro está bem próximo de uma ruptura. Se os clubes são governados por uma entidade que não os representa e nem ao menos os quer ouvir, então pode existir uma relação de autoridade, de temor e terror, mas não de respeito. Teme-se a CBF por ser a representante da toda poderosa Fifa no Brasil, mas sabe-se que ela é inoperante e chega a ser egoísta e malévola aos interesses dos clubes brasileiros. Inoperante porque, se dependesse dela, dois campeonatos brasileiros não teriam sido realizados, já que a Copa União e a Copa João Havelange tiveram de ser organizadas pelo Clube dos Treze depois que a entidade admitiu sua incompetência financeira e administrativa para faze-lo.
Dossiê - parte 5
Hoje a CBF resolveu que só quer cuidar do filé mignon chamado Seleção Brasileira. “Assim até eu”, como diria minha boa avó. Realmente, cuidar só da Seleção Brasileira deve ser um dos melhores negócios do mundo. É lucro garantido, e que lucro! Como um beija-flor, a CBF suja o néctar dos clubes e nada lhes dá em troca. E se os clubes se revoltarem, danem-se, pois bons jogadores brasileiros há em todo lugar e sempre será possível formar uma Seleção campeã. Assim, como sempre há males que vem para o bem, na verdade devemos agradecer a este episódio com o Dossiê pela unificação dos títulos brasileiros, pois ele escancarou uma situação que vinha encruada, como um vírus: a CBF não dá a mínima não só para a história, mas também para os clubes brasileiros.Não sou dirigente, não tenho pretensões políticas, escrevo apenas como um brasileiro, jornalista, amante e pesquisador do futebol que viveu a era de ouro do futebol brasileiro e não quer que ela seja esquecida. Porém, ao finalizar este texto eu daria um alerta aos homens públicos e aos dirigentes esportivos deste País: está na hora de se criar uma associação forte que represente os interesses dos clubes e preserve a história do futebol brasileiro. A CBF virou apenas um escritório de negócios da Seleção.
Dossiê - parte 6 - FIM
Pode ser o Clube dos Treze? Talvez, mas precisa ser mais ágil e atuante. Pode ser a Liga dos Clubes, que vem por aí? Provavelmente. No tênis há um bom exemplo, que é a ATP – Associação dos Tenistas Profissionais. Administrada, como o nome diz, pelos próprios tenistas, ela é um sucesso em todos os sentidos. E o que o tênis, com todo o respeito ao esporte de Roger Federer e Rafael Nadal, pode ter a mais do que o mágico futebol brasileiro?
* Odir Cunha é jornalista e escritor, autor da pesquisa e do texto do Dossiê pela unificação dos títulos brasileiros de 1959 a 1970.
** Este texto não representa, necessariamente, a opinião dos presidentes dos clubes envolvidos, nem do senhor João Havelange, presidente de honra da Fifa e ex-presidente da CBD. É apenas a opinião de José Carlos Peres e de Odir Cunha, autores do Dossiê pela Unificação dos Títulos Brasileiros a partir de 1959.